Sinto José é um padre da diocese de Irinjalakuda, na Índia. Ele conta a sua história:
"É muito agradável sentar-me para escrever a minha história no dia de S. Tomé, o fundador da minha Igreja Siro-Malabar na Índia. É uma forma de expressar a minha sincera gratidão a Deus por estar aqui na Pontifícia Universidade da Santa Cruz, a estudar na Faculdade de Comunicação.
Estou aqui há quase um ano e posso dizer que continuo a adaptar-me cada dia mais à nova cultura, à língua e até à liturgia romana, que não é a minha, sendo um padre católico de rito siro-malabar.
O meu nome é Sinto Jose e nasci em Aloor, Kerala, na Índia. O meu pai é agricultor e a minha mãe é dona de casa. Tenho uma irmã mais velha e um irmão mais novo. A minha irmã, Ir. Jeeva, é freira e pertence à Congregação da Sagrada Família. Está agora na Índia a trabalhar numa escola primária da nossa diocese. O meu irmão, Shibin, trabalha no Christ College Irinjalakuda como empregado. Posso dizer sem sombra de dúvida que a minha família é a rocha e o fundamento da minha vocação sacerdotal.
A minha família e eu somos de rito siro-malabar e pertencemos à Eparquia de Irinjalakuda. A diocese de Irinjalakuda é rica do ponto de vista histórico e geográfico. Um dos lugares importantes da diocese é Kodungallur, que é conhecido como o berço do cristianismo, graças a São Tomé, um dos 12 apóstolos de Jesus, que, depois de receber o Espírito Santo no Pentecostes, empreendeu a missão de difundir o Evangelho de Jesus Cristo em todo o mundo.
Segundo a tradição, São Tomé chegou por mar e desembarcou em Kodungalloor (Cranganore), a capital do então Império de Cera, em 52 d.C. Baptizou famílias em Kodungalloor e Palayur (Trichur). São Tomé pregou o Evangelho onde quer que fosse e fundou igrejas.
Segundo a nossa tradição malabar, o santo fundou sete igrejas, situadas em Cranganore, Quilon, Chayal, Kokkamangalam, Niranam, Paravur e Palayur. De lá, foi para Coromandel e sofreu o martírio em Tamil Nadu. O seu corpo foi levado para a cidade de Mylapore e foi sepultado num santuário sagrado.
Segundo os Cânticos de Ramban, São Tomé converteu 17.550 pessoas, ordenou sacerdotes e consagrou bispos. Também deu aos seus seguidores uma forma de liturgia adaptada ao seu clima, cultura e costumes. A partir do século IV, a Igreja da Índia começou a comunicar com a Igreja da Síria Oriental e não tardou a introduzir livros litúrgicos e a partilhar ritos. Assim, a Igreja da Índia tornou-se membro do patriarcado babilónico (também conhecido como assírio e siro-caldeu) por razões práticas e não doutrinais.
A Eparquia de Irinjalakuda foi criada pelo Papa Paulo VI. Assim, a Bula Papal Trichuriensis Eparchiae foi promulgada a 22 de junho de 1978. O primeiro bispo foi D. James Pazhayattil e o atual bispo é D. Pauly Kannookadan. A eparquia conta atualmente com 56.958 famílias, ou seja, 269.867 baptizados em 1.326.000 habitantes.
A minha paróquia de origem é a igreja de S. Tomás Anathadam. Numa família e numa tradição de fé tão viva e tão histórica, respirando o mesmo ar que São Tomé, senti fortemente o chamamento do Senhor para ser um dos seus servos no sacerdócio.
Assim, após dez anos de formação sacerdotal, fui ordenado a 29 de dezembro de 2014 como sacerdote católico da Eparquia de Irinjalakuda. Depois da minha ordenação, servi durante um ano como pároco assistente no Santuário da Santa Cruz de Mapranam. O meu nome foi dado por Dom Pauly Kannookadan, atual Bispo de Irinjalakuda. Fui depois nomeado prefeito do Seminário Menor de S. Paulo, Irinjalakuda, e diretor-adjunto do Centro de Comunicação Christu Darsan.
Após um ano, o Bispo deu permissão para estudar para uma licenciatura em Comunicação na Pontifícia Universidade de Santa Croce. Considerei uma grande oportunidade de ter uma boa formação em Itália e depois regressar ao meu país, seguindo os passos de S. Tomás de Vilamoura.
Estou certo, portanto, de que os meios de comunicação social são um canal importante para a difusão da boa nova de Deus ao mundo, ou seja, do Evangelho. São essenciais para a difusão da doutrina católica no mundo. Tenho também a certeza de que o sucesso dos meus estudos será útil ao Departamento de Jornalismo e Comunicação da minha diocese, bem como a toda a Igreja Syro Malabar.
Eu adoro ser um padre católico: é uma das melhores maneiras de seguir Jesus Cristo. É uma vida completamente centrada no serviço, no sacrifício e na vontade de Deus. É um modo de vida para exprimir o amor de Deus em todo o mundo. Sei que tenho muitas deficiências, mas Deus diz: "A minha graça basta-te".
Além disso, uma das coisas mais maravilhosas no sacerdócio é celebrar os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Confissão.
Através da minha vida sacerdotal, experimento a verdadeira fraternidade com outros sacerdotes. Para um padre, cada dia é um dia novo com acontecimentos diferentes. O sacerdócio é deixar tudo para seguir Jesus, como a pérola de grande valor. A fidelidade à sua vocação é um elemento essencial da santidade.
Quero agradecer aos meus queridos benfeitores e pedir-lhes que rezem por mim, para que eu seja um sacerdote santo e fiel a Cristo e para que se multipliquem as sementes e os frutos que São Tomé começou a semear na minha terra.co
