Fundação CARF

24 de fevereiro, 25

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A escola de Mary

A homilia do Papa Francisco na Solenidade de Maria, Mãe de Deus (1 de Janeiro de 2022) é uma boa maneira de abordar o novo ano. Na escola de Maria aprendemos o que todos nós precisamos.

No A escola de Maria aprendemos o que todos nós precisamos. Ela, como precursora e mãe da Igreja, e ao mesmo tempo como primeira discípula, é o modelo e o coração do discernimento cristão e eclesial.

Maria sob custódia a meditar

No escândalo da manjedoura (um comedouro para animais), Maria aprende que Deus quer ser próximo e familiar. Que vem na pobreza e traz alegria e amor, não medo. E que quer tornar-se alimento para nós. Aí contempla a beleza de Deus deitado numa manjedoura.

Enquanto outros passam e vivem, e alguns ficam espantados, o Virgem Maria guardava - guardava, guardava - todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. (Lc 2,19; cf. também v. 51).

Eventos entrelaçados

A sua atitude é a expressão de uma fé madura e fecunda. Do escuro estábulo de Belém, ela dá à luz a Luz de Deus no mundo. Como antecipação do que está para vir, Maria passa já agora pela cruz, sem a qual não há ressurreição.

E é assim que Maria - descobre Francisco - nos ajuda a superar o choque entre o ideal e o real.

Como? guardando e meditando. Poder-se-ia dizer, como faz o Papa mais adiante, que isso acontece no coração de Maria e na sua oração: porque ama e reza, Maria, antes, durante e depois da sua oração, é capaz de ver as coisas do ponto de vista de Deus.

"Em primeiro lugar, Maria é uma guardiã, ou seja, não se dispersa. Ela não rejeita o que acontece. Ela guarda tudo no seu coração, tudo o que viu e ouviu. As coisas bonitas, como o que o anjo lhe tinha dito e o que os pastores lhe tinham dito. Mas também as coisas que são difíceis de aceitar: o perigo de ficar grávida antes do casamento, agora a estreiteza desolada do estábulo onde ela deu à luz. Isto é o que Maria faz: ela não selecciona, mas guarda. Ela aceita a realidade tal como ela vem, ela não tenta disfarçá-la, para compor a sua vida, ela guarda-a no seu coração".

E depois há a segunda atitude. Como é que a Maria se guarda? Fá-lo meditando, entrelaçando acontecimentos:

"Mary compara experiências diferentes, encontrando os fios ocultos que as unem. No seu coração, no seu oração Ela realiza esta operação extraordinária: une o belo e o feio; não os mantém separados, mas une-os". E é por isso - diz o Papa - que Maria é a Mãe da catolicidade, porque une, não separa. E assim capta o sentido pleno, a perspetiva de Deus.

Escola Mary's
"As mães sabem proteger, sabem manter unidos os fios da vida...", diz o Papa Francisco.

O ponto de vista das mães

Pois bem, "este olhar inclusivo, que supera as tensões guardando e meditando no coração, é o olhar das mães, que nas tensões não as separam, mas as guardam e assim a vida cresce. É o olhar com que tantas mães abraçam as situações dos seus filhos. É um olhar concreto, que não desanima, que não fica paralisado diante dos problemas, mas que os coloca num horizonte mais amplo".

As mães", continua, "sabem ultrapassar os obstáculos e os conflitos, sabem incutir a paz. São capazes de transformar as adversidades em oportunidades de renascimento e de crescimento. Fazem-no porque sabem cuidar. As mães sabem proteger, sabem manter unidos os fios da vida, todos eles"..

Hoje precisamos de "pessoas capazes de tecer fios de comunhão, que contrastem os muitos fios farpados das divisões. E as mães sabem como o fazer", diz Francisco.

O Papa insiste na capacidade das mães e das mulheres para o fazer: "As mães e as mulheres olham para o mundo não para o explorar, mas para lhe dar vida: olhando com o coração, conseguem manter juntos o sonho e a concretude, evitando a deriva do pragmatismo assético e da abstração".

Gosta de sublinhar que a Igreja é uma mãe e uma mulher. "E a Igreja é uma mãe, é uma mãe e tanto, a Igreja é uma mulher, é uma mulher e tanto".

E deduz, como já fez noutras ocasiões, esta consequência, para a Igreja:

"É por isso que não podemos encontrar o lugar da mulher na Igreja sem a reflectir no coração de uma mulher-mãe. Esse é o lugar da mulher na Igreja, o grande lugar de onde derivam outros lugares mais concretos, mais secundários. Mas a Igreja é mãe, a Igreja é mulher".

Termina com uma exortação para este novo ano: "...que, como as mães dão vida e as mulheres protegem o mundo, trabalhemos todos para promover as mães e proteger as mulheres".


Ramiro Pellitero Iglesias, Professor de Teologia Pastoral na Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra.