Dom Fabio Galdino tem o privilégio de ser o pároco da igreja onde foi batizado, onde fez a primeira comunhão e também onde foi crismado. Uma continuidade sacramental que, graças à sua ordenação sacerdotal, lhe permite agora celebrar a Santa Missa para as pessoas e os vizinhos que o viram crescer e que ele agora pastoreia.
Este padre pertence ao arquidiocese da ParaíbaGaldino, situada na costa atlântica, no extremo leste do Brasil. Esta sede episcopal alberga mais de um milhão de católicos e conta com mais de 150 sacerdotes, entre os quais o Padre Galdino, a quem o seu arcebispo confiou também a importante tarefa de ser o exorcista diocesano. Uma tarefa, a de lutar contra o poder de Satanás, que o coloca na vanguarda da Igreja Católica no seu país.
Numa entrevista à Fundação CARF, o pároco fala dos principais desafios que os paroquianos enfrentam atualmente. sacerdotesA maior delas, na sua opinião, é ter consciência da importância de "não cair no ativismo e na vaidade pessoal".
"Um padre é como a "casa de Betânia". Na companhia de Lázaro, Marta e Maria, aprendemos a ser amigos, contemplativos e servidores. A tríade destes elementos é de extrema importância, de facto, é uma receita que sempre serviu a missão da vida da Igreja."assegura.
Por outro lado, o Padre Galdino sublinha que a importância da formação sacerdotalque, na sua opinião, deve começar sempre por uma amizade sincera com Jesus. Deste modo, considera que "A partir daí, se há amizade, há também docilidade. E o caminho que começa na intimidade com Jesus passa por outras etapas muito importantes para a missão, como a vida espiritual.".
"É de extrema importância ter um diretor espiritual, dedicar-se ao estudo e à formação, e ter uma experiência profunda de uma vida sacramental frequente. Serei eternamente grato àquele que me proporcionou estas etapas e a sua experiência de vida, para que, ao receber toda esta preparação, pudesse depois oferecê-la a tantos homens e mulheres."sublinha o padre brasileiro.
Em grande medida, esta experiência foi adquirida durante a sua dupla estadia em Roma, graças ao apoio que recebeu do Fundação CARF. Quando estava no seminário, o seu arcebispo enviou-o para o Seminário Internacional Sedes Sapientiae para estudar no Universidade Pontifical da Santa Cruz entre 2006 e 2009. Foi ordenado diácono em Roma. "Gostaria de agradecer a todos os benfeitores que generosamente nos deram esta ajuda, e que com ela acabariam também por levar a felicidade a tantas pessoas, que ao regressarem aos nossos países, agradecem tudo o que lhes transmitimos, especialmente o que tivemos oportunidade de aprender durante esta estadia em Roma."ele sublinha.
Depois de ter sido ordenado sacerdote no Brasil, foi responsável por uma comunidade paroquial na sua arquidiocese durante seis anos, até que o seu bispo o enviou de novo para Roma, neste caso para o Colégio Sacerdotal de Altomonte, para que pudesse estudar Teologia Dogmática na mesma universidade que tinha frequentado anos antes.
De regresso ao Brasil, tornou-se professor de seminário. Atualmente, além de pároco e exorcista, é vigário episcopal e coordenador da catequese de toda a diocese. "Hoje, estou ainda mais grato por todas as oportunidades que Deus, na sua providência, me concedeu em vista das missões que devia realizar como sacerdote."diz com entusiasmo.
Viveu muitos momentos bons durante os seus anos de sacerdote. Um dia que nunca esquecerá é o dia da sua ordenação ou da obtenção do seu diploma em teologia. No entanto, constata que "o melhor momento é o resultado de uma gratuidade quotidiana de perceber que Deus usou o vaso de barro que sou eu.para depositar o seu tesouro. Sentir que Deus nos chama e que os sinais da sua Palavra actuam em nós dia e noite é verdadeiramente algo que merece ser agradecido.".
Mas o seu ministério não tem sido um mar de rosas, que diz ter sido particularmente doloroso. "as feridas no corpo da Igreja que tanto amamos: situações difíceis, escândalos, fissuras e divisões que sempre nos entristecem e, por vezes, nos deixam desiludidos como os discípulos de Emaús".
Fábio Galdino nasceu em João Pessoa, capital do estado da Paraíba, numa família católica na qual recebeu também uma educação militar, devido ao serviço do pai no exército nacional do seu país, características que marcaram a vida deste sacerdote.
"Desde muito cedo, tive um forte envolvimento pastoral na minha comunidade paroquial, na qual participei ativamente."O atual padre, cuja vocação foi forjada precisamente dentro dos muros onde agora exerce o seu ministério, recorda.
"Creio que o empenhamento paroquial, a evangelização e a necessidade de pastores segundo o coração de Jesus foram uma das principais motivações que me levaram a responder às preocupações de Deus na minha vida."Fabio Galdino explica-lhe o seu chamamento ao sacerdócio.
Mas também diz que na sua vida "Não faltaram santos sacerdotes que se referiram a este desejo. Tive também muitos modelos de santos e piedosos cristãos que foram grandes directores espirituais no meu caminho, mas a principal ajuda foi a vida de oração e a amizade com Jesus. Posso dizer que esta foi a resposta e o ponto-chave da minha vocação.".
Gerardo Ferrara
Licenciado em História e Ciência Política, especializado no Médio Oriente.
Responsável pelos estudantes da Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma.