O crescimento da cultura anti-católica na Polónia exige uma boa formação espiritual e muita oração de todos os sacerdotes, mas sobretudo dos jovens. A Polónia continua a ser um bastião do catolicismo na Europa, mas também mostra sinais de secularização, sobretudo entre os jovens, razão pela qual o padre apela a uma evangelização sem tréguas. Adamski sublinha que na Polónia cerca de 90 % da população ainda se declara católica, mas desta percentagem apenas 30 % vão à missa ao domingo, uma percentagem mais elevada do que noutros países europeus.
Torun é o local de nascimento de Nicolau Copérnico, um cónego, matemático e astrónomo conhecido, sobretudo, por ser o autor da teoria heliocêntrica que provou que a Terra girava em torno do Sol. A sua vida e os seus contributos científicos foram algumas das demonstrações mais claras da profunda ligação que tem existido ao longo da história entre a ciência e a fé.
Desta diocese polaca provém precisamente Bartosz AdamskiDoutor em Teologia pela Universidade de Navarra e atualmente também professor na universidade que tem o nome deste grande cientista católico em Torún.
"Todos os anos notamos que esta percentagem está a diminuir. Em geral, os jovens não se interessam pela fé, pelo que a cultura na Polónia está a tornar-se cada vez mais secular e anti-católica", explica Bartosz. Conta uma anedota sobre esta situação: "Um dos meus amigos padres é espanhol e, quando visitou o meu país nas suas férias, disse-me que a Polónia é agora como a Espanha de há trinta anos. Por isso, podemos esperar que, no futuro, a Igreja na Polónia tenha muito menos fiéis. É claro que nós, padres polacos, estamos a tentar contrariar esta tendência e, para isso, evangelizamos, catequizamos e formamos as pessoas e a nós próprios".
Bartosz Adamski Entrou no seminário da sua diocese aos dezanove anos, depois de ter terminado o liceu. "A minha família, ou seja, os meus pais e avós, desempenharam um papel indispensável no crescimento da minha fé. Deram-me os fundamentos necessários para ser cristão, mostraram-me o que é uma vida honesta e ensinaram-me a viver no verdadeiro amor", confessa este sacerdote.
Sobre a sua chamada, ele próprio admite que é um verdadeiro mistério e que "só Deus sabe como foi". Admite que nunca foi acólito e que nunca participou em grupos paroquiais. Limita-se a ir à missa aos domingos e, por vezes, durante a semana. Por esta razão, acredita que a sua vocação foi forjada, tanto no seu coração como na sua mente, a partir do momento em que recebeu o sacramento da Confirmação. "Desde jovem, gostava de filosofia e procurava uma resposta à pergunta: como é que o mundo se ordena, e depois a outra pergunta: quem o ordena? Assim, a minha procura conduziu-me ao seminário maior".
Uma vez ordenado, Adamski foi enviado pelo seu bispo a Pamplona para fazer um doutoramento em Teologia Dogmática na Universidade de Navarra. Sobre este período da sua vida, que durou de 2018 a 2022 e incluiu toda a pandemia do coronavírus, este sacerdote diz que este tempo de estudos foi muito importante para a sua vida sacerdotal. "Aprofundei os meus conhecimentos teológicos e ganhei muita experiência da vida da igreja num ambiente muito internacional", diz Bartosz.
O que mais o impressionou foi a própria universidade: "A sua ordem, a sua rica biblioteca, os seus professores bem preparados e o ambiente académico. Tudo isto convida-o a estudo". Outra lição que o Padre Adamski aprendeu durante a sua estadia em Espanha é que, para ser um bom teólogo, é preciso ler muito, trabalhar muito e aprender a metodologia correta.
Faz uma menção especial à pandemia mundial do coronavírus que teve de viver em Pamplona. Foi um período complicado, mas ele também encontrou uma maneira de o enfrentar: "Lembro-me que na nossa residência as reuniões durante o café nos ajudavam muito, para que eu pudesse falar com os irmãos e sobreviver ao tempo de confinamento".
Por fim, este Pólo tem uma mensagem especial para os benfeitores do CARF: "Obrigado pelas vossas orações e ofertas! Graças a vós, os padres de muitos países podem ter uma boa formação, não só teológica, para melhor servir a Igreja.
Perante os desafios que se colocam aos padres de hoje, sobretudo aos mais jovens, Bartosz Adamski não tem dúvidas de que "o mais importante é a relação pessoal do padre com Jesus Cristo". Por isso, sublinha que "a oração e formação espiritual são a chave". E insiste neste último ponto, pois considera que o estudo é fundamental para que um padre saiba como é Deus e seja capaz de responder às exigências do mundo atual. Tudo isto ajuda - na sua opinião - a obter uma identidade sacerdotal. "O padre não pode esquecer-se de quem é", diz.