Estes são actos abnegados de abnegação e generosidade que fazemos pelos outros. Existem catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, consolar são obras espirituais de misericórdia, assim como perdoar e sofrer com paciência. Entre as obras de misericórdia corporal encontramos a esmola, que é um dos principais testemunhos da caridade fraterna; é também uma prática de justiça que agrada a Deus. Catecismo da Igreja Católica, 2447
O Papa Francisco nomeou 2014 como o Ano da Misericórdia, e aqui vamos dar uma olhadela às obras de misericórdia que ele recomendou para meditar e realizar durante este tempo, mas que não podem ser esquecidas.
Cada cristão deve ter em mente estas obras como "uma forma de despertar a nossa consciência, frequentemente letárgica face ao drama da pobreza, e de entrar ainda mais profundamente no coração do Evangelho, onde os pobres são os recipientes privilegiados da misericórdia divina".
A Igreja tem a sabedoria de uma boa mãe, que sabe o que os seus filhos precisam para crescerem saudáveis e fortes, no corpo e no espírito. Através das obras de misericórdia, ele convida-nos a redescobrir que tanto o corpo como a alma dos nossos semelhantes precisam de cuidados, e que Deus confia a cada um de nós este cuidado atento..
. "O objecto de misericórdia é a própria vida humana na sua totalidade. A nossa própria vida como "carne" tem fome e sede, precisa de roupa, abrigo e visitantes, assim como um enterro digno, que ninguém pode dar a si mesmo (...). A nossa própria vida como "espírito" precisa de ser educada, corrigida, encorajada, consolada (...). Precisamos que outros nos aconselhem, nos perdoem, nos suportem e rezem por nós". Francisco, 3ª meditação no Jubileu dos sacerdotes, 2-VI-2016.
A prática das obras de misericórdia gera graça para aquele que as faz. O Evangelho de Lucas relata as palavras de Jesus: "Dai, e ser-vos-á dado". Assim, com as obras de misericórdia fazemos a vontade de Deus, damos algo de nós mesmos aos outros e o Senhor promete-nos que também nos dará o que precisamos.
Por outro lado, a prática das obras de misericórdia é uma forma de compensar e restaurar a nossa alma pelos nossos pecados já perdoados no sacramento da confissão. Ao praticar boas obras como, naturalmente, as Obras de Misericórdia. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia". Mt.5, 7.
Além disso, as Obras de Misericórdia ajudam-nos a avançar no caminho para o Céu, porque nos fazem como Jesus, o nosso modelo, que nos ensinou qual deve ser a nossa atitude para com os outros. Em Mateus encontramos as seguintes palavras de Cristo: "Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corrompem, e onde os ladrões invadem e roubam: mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corrompem, e onde os ladrões não invadem e roubam. Pois onde estiver o seu tesouro, lá estará também o seu coração".
Seguindo este ensinamento do Senhor trocamos bens temporais por bens eternos, que são aqueles que são verdadeiramente valiosos.
1 | Visitar os doentes |
2 | Alimentando os famintos |
3 | Dê de beber aos sedentos. |
4 | Dar alojamento aos peregrinos. |
5 | Vestimenta nua. |
6 | Visitas a prisioneiros. |
7 | Enterrar os mortos. |
"Um homem que não reage a tribulações ou injustiças, e que não se esforça para as aliviar, não é um homem depois da medida do amor do coração de Cristo".
Papa Francisco
"Aquele que tem duas demãos, que as distribua aos que não têm nenhuma; e aquele que tem o suficiente para comer, que faça o mesmo" (Lc 3,11). Estas duas obras de misericórdia complementam-se mutuamente e referem-se à ajuda que devemos dar sob a forma de alimentos e outros bens àqueles que mais necessitam.
Não é um caso comum hoje em dia, mas talvez possamos acolher alguém em nossa casa, não por pura hospitalidade de amizade ou família, mas por alguma necessidade real.
Este trabalho de misericórdia visa aliviar outra necessidade básica: o vestuário. Muitas vezes, é-nos facilitado com as colecções de roupa que são feitas em paróquias e outros centros. Quando se trata de dar as nossas roupas, é bom pensar que podemos dar o que nos resta ou o que já não é útil, mas também podemos dar o que ainda é útil.
Na carta de Tiago somos encorajados a ser generosos: "Se um irmão ou irmã está nu e sem comida diária, e um de vocês lhes diz: 'Vão em paz, aqueçam ou alimentem-se', mas não lhes dão o que é necessário para o corpo, de que lhes serve"? Tiago 2:15-16.
Neste tempo de pandemia global, esta obra de misericórdia ganha um forte significado. É um verdadeiro cuidado, tanto em termos de necessidades físicas, como em termos de mantê-las em companhia e rezar pelos doentes e os idosos. Um bom exemplo da Sagrada Escritura é a Parábola do Bom Samaritano no Evangelho de Lucas.
Consiste em visitar os presos e dar-lhes não só uma ajuda material, mas também uma assistência espiritual que os ajude a melhorar como pessoas, a corrigir-se, a aprender a fazer um trabalho que lhes possa ser útil quando terminarem o tempo previsto pela justiça. Hoje são os padres e as mulheres consagradas que levam a cabo esta tarefa de solidariedade tão complicada. Devemos rezar pelos padres, acompanhá-los e apoiá-los neste trabalho de solidariedade social.
Oferecer uma missa pelos mortos e um enterro digno parece uma ordem supérflua, mas não é. Em tempo de guerra, pode ser uma ordem muito exigente. Em tempo de guerra, pode ser um mandamento muito exigente. Porque é que é importante dar ao corpo humano um enterro digno? Porque o corpo humano tem sido a morada do Espírito Santo. Nós somos "templos do Espírito Santo". 1 Cor 6, 19.
1 | Ensinar os não-aprendizados. |
2 | Dê bons conselhos a quem deles necessita. |
3 | Corrija o malfeitor. |
4 | Perdoe aqueles que nos ofendem. |
5 | Para confortar os tristes. |
6 | Sofrer com paciência as deficiências dos outros. |
7 | Ore a Deus pelos vivos e pelos mortos. |
"Um cristão não pode habitar apenas nos problemas pessoais, pois deve viver com a Igreja universal em mente, pensando na salvação de todas as almas".
Papa Francisco
"Aqueles que ensinam a justiça à multidão brilharão como as estrelas para todo o sempre". (Dan 12, 3b).
Isto refere-se ao ensino sobre qualquer assunto: também sobre assuntos religiosos. Este ensino pode ser por escrito ou de boca em boca, por qualquer meio de comunicação ou directamente. Dar ajuda e apoio ao formação O sacerdócio é também uma obra de misericórdia espiritual.
Um dos dons do Espírito Santo é o dom do conselho. Portanto, quem quer que pretenda dar bons conselhos deve antes de mais estar em sintonia com Deus, pois não se trata de dar opiniões pessoais, mas de dar bons conselhos àqueles que precisam de orientação.
A correcção fraterna é explicada pelo próprio Jesus no Evangelho de Mateus: "Se o teu irmão pecar, vai falar com ele a sós e censura-o. Se ele lhe der ouvidos, você ganhou o seu irmão". (Mt 18, 15-17).
Para corrigir o nosso vizinho, devemos fazê-lo com mansidão e humildade. Muitas vezes será difícil, mas podemos lembrar o que o apóstolo Tiago diz no final da sua carta: "Aquele que vira um pecador do seu mau caminho salvará a sua alma da morte e obterá o perdão de muitos pecados" (Tiago 5:20).
Quando rezamos o Pai Nosso, dizemos: "Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" e Jesus Cristo diz-nos: "Se perdoardes as ofensas dos homens, o Pai celestial também vos perdoará a vós. Mas se você não perdoar aos homens as suas ofensas, o Pai não o perdoará". (Mt 6, 14-15).
O perdão está a superar a vingança e o ressentimento. Significa tratar amavelmente aquele que nos ofendeu. O maior perdão é o de Cristo na Cruz, que nos ensina que devemos perdoar tudo e sempre: "Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem". (Lc 23:34).
Conforto para o triste, para aquele que sofre alguma dificuldade pessoal ou que se encontra num momento em que tem de superando a dor é outra obra de misericórdia espiritual. Muitas vezes, será complementado com bons conselhos, o que ajuda a superar essas situações de dor ou tristeza. Acompanhar sempre o próximo, mas especialmente nos momentos mais difíceis, é pôr em prática o exemplo de Jesus no Evangelho, que tinha compaixão da dor dos outros sempre que a via.
A paciência perante as faltas dos outros é uma virtude e uma obra de misericórdia. Quando a incidência destes defeitos causa mais mal do que bem, com grande caridade e gentileza, o aviso deve ser dado.
São Paulo recomenda a oração por todos, sem distinção, também por governantes e pessoas em posições de responsabilidade. Rezar pelas vocações sacerdotais e religiosas e as intenções do Papa. É também importante rezar pelos falecidos que estão no Purgatórioreze por eles e pergunte indulgência plenária para que as suas almas possam estar livres do pecado.
Embora seja certamente apropriado dar vida a projectos onde temos a possibilidade de dar uma mão, o terreno habitual da misericórdia é um trabalho quotidiano governado pela paixão de ajudar: que mais posso fazer? quem mais posso envolver? Tudo isto é misericórdia em acção, sem horários, sem cálculos: "uma misericórdia dinâmica, não como um substantivo reificado e definido, nem como um adjectivo que decora um pouco a vida, mas como um verbo - à misericórdia e a ser misericordioso". Francisco, 1ª meditação no Jubileu dos sacerdotes, 2-VI-2016.
Bibliografia: